Mostrar mensagens com a etiqueta Praia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Praia. Mostrar todas as mensagens

Corações d'areia.



O erro é meu. Sempre foi e sempre há-de ser. E o erro já não é ser (sobre)dotada de sentimentalismos agudos ou sinceros; o erro já nem sequer consiste no facto de não ser capaz de não-sentir. O erro é acreditar. Acreditar que tu e todos aqueles que possuam um bom coração sejam capazes de o usar. Acreditar que possa ser eu a ensinar-te a usá-lo.
Naquele início com que nos demos a conhecer, nunca pensei conseguisses passar de mais um rosto entre tantos que já amontoei na areia. Mais um daqueles que vão e nunca mais voltam. Não te queria na fictícia colecção de conquistas, muito menos na lista dos corações partidos. Pensei tirar proveito. Pensei que pudesse contigo, tentar o que há muito me ia na alma de fazer. Ser o que não sou. Mas errei. Erro sempre. Deixei-me ir na onda que te trouxe naquele dia solaregno e esqueci-me de me atirar ao mar.
E agora vou tarde. Vou, porque já te descobri por dentro. Já me iluminas os dias como nunca ninguém fizera outrora. Já me fascinas com o teu íntimo. Conheci alguém que não  pensei que no mundo, e muito menos em ti, pudesse existir. E aqui estou eu agora, deitada na areia de uma praia deserta onde ninguém virá ao meu encontro. E sabes porquê? Porque remas contra a minha maré, e eu sei-o tão bem. E o erro, como digo, é acreditar que deixes o coração ser o que é. Mesmo que não seja o que sempre estiveste habituado a ser. E eu continuarei aqui, fingindo estar neste mar só por entretenimento, enquanto que (me) deito areia para os olhos. É. 

E como se diz a alguém que não quer saber, que tem o melhor coração do mundo?