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Insólitos.

Isto é coisa que eu não faço - prestar homenagem. Por muito que a memória magoe e sinta a dor saliente na pele, não é hábito meu. Hoje, porém, passados todos estes anos daquele dia em que pensei fosse tudo por minha causa, tenho de falar. Escusado será dizer que foi há 10 anos. Está bem gravado na memória de quem assistiu, de quem perdeu, e mesmo de quem sentiu. Eu não sei bem a qual pertenço. Sei apenas, que duas luas antes, um sonho terrível me fez acordar atordoada. Dois altos edifícios caiam, assim, no meu sonho, do nada. Dois dias depois a desgraça dá-se. A imagem tão nítida de um avião a embater numa torre. A explosão sucessiva da mesma. As ruas gritavam aflitas, o ar continha desespero. Os olhos das gentes não conseguiam ocultar o medo, o terror, a pena de quem estava apenas de passagem, mesmo de quem nada perdeu. Um segundo embate, uma outra explosão. O medo triplicou-se, o desespero dominava. Centenas de corpos caindo do céu. Milhares de vidas perdidas, sem motivo, sem culpados. O desmoronamento de um símbolo, de um lar, de milhares de vidas.  
Como se explica a uma criança de 9 anos que não passou de um sonho, de uma triste coincidência?  Mas acima de tudo, como se explica tamanha tragédia a quem perdeu? Do que adianta lamentar e oferecer os nossos pêsames? A memória e a saudade de um pai, de uma mãe, de um marido ou de uma esposa, de um filho e de uma filha, de um amigo não se apaga com o tempo, e não se atenua com "lamento's".